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Estrada de Ferro Carajás: história e evolução de um projeto único

Um especial conta em texto e fotos os trinta e oito anos (atualizando a data com o ano de 2024) de história da Estrada de Ferro Carajás. Fotos inéditas dos desafios de engenharia que mudaram para sempre uma região nunca antes desbravada e que, neste ano de 2024, completa 39 anos.


A Vale chegou ao Pará na década de 1970. Na época se chamava ainda Amazônia Mineração S/A, ou simplesmente AMZA. Em 11 de julho de 1967, o geólogo Breno dos Santos em um sobrevoo de prospecção descobre a primeira jazida de minério de ferro da região de Carajás, nome dado em homenagem aos índios da tribo que ocupava as margens do Rio Araguaia. A descoberta resultaria 18 anos depois, em 1985, na operação do Projeto Ferro Carajás e que colocariam o Pará entre os primeiros do setor mineral do mundo. No Maranhão, a empresa se instalou em 1982.

Dose anos depois, na manhã de 28 de fevereiro de 1985, a Vale inaugurava um de seus maiores feitos: a Estrada de Ferro Carajás (EFC), concluída 18 meses antes do prazo previsto. Com a linha férrea nascia o Sistema Norte, que mudou para sempre a história da nossa empresa e da mineração no Brasil e no mundo. Centenas de trabalhadores fizeram parte da cerimônia de inauguração, agrupados em torno da locomotiva que faria o primeiro transporte de minério de Carajás, no sudeste do Pará. Eles viram de perto quando o então presidente João Figueiredo, acompanhado pelo governador do estado, Jader Barbalho, descerrou a placa inaugural da ferrovia.

Ela tem 892 quilômetros de extensão, ligando a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, em Carajás, no sudeste do Pará, ao Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). Por seus trilhos, são transportados 120 milhões de toneladas de carga e 350 mil passageiros por ano. Circulam cerca de 35 composições simultaneamente, entre os quais um dos maiores trens de carga em operação regular do mundo, com 330 vagões e 3,3 quilômetros de extensão. Inaugurada em 1985, a Estrada de Ferro Carajás não é só grande: ela também lidera o ranking das ferrovias mais eficientes do Brasil graças ao nosso constante investimento em tecnologia.

Quando iniciou suas operações em 28 de fevereiro de 1985, a Estrada de Ferro Carajás, pertencente à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) tinha capacidade para transportar 35 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Trinta anos depois, a mesma empresa, hoje denominada apenas Vale, opera com números bem superiores, como os quase 110 milhões de toneladas transportadas no ano de 2014. Naquela época, para percorrer os 892 quilômetros da ferrovia com toda carga máxima eram necessárias 68 locomotivas de três mil cavalos de potência e 2.876 vagões, cada um com capacidade para 98 toneladas. Passadas três décadas, para cruzar os estados do Pará e Maranhão, saindo de Carajás com destino ao porto de Ponta da Madeira, em São Luís, como o fizera em 1985, a Vale conta hoje com uma frota de mais de 250 locomotivas, variando entre 4.000 e 5.750 cavalos de potência, e mais de 20.500 vagões com capacidade para mais de 100 toneladas cada um.

A EFC começou a ser construída em 1982 para transportar minério de ferro e manganês da mina de Carajás, no Pará, até o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, que também pertence a Vale. O trem de minério começou a operar em 1985 e o de passageiros, em 1986. Em 2016, será a vez do porto de Ponta da Madeira e do Trem de Passageiros completarem 30 anos de operação. Foram muitos os desafios, sobretudo os de engenharia para superar as imperfeições de solo e as dezenas de rios caudalosos comuns nestas regiões do Maranhão e Para, estados cortados pela ferrovia que não por acaso, até hoje é uma das maiores obras do país.

O maior mérito da CVRD e do governo brasileiro, que tinha como presidente o general João Batista Figueiredo, foi buscar nos mercados mundiais o que havia de mais moderno em termos de tecnologia em todos os campos da engenharia. Da civil, com suas monumentais estruturas de pontes e estradas, a mecânica com a encomenda de locomotivas, vagões e máquinas capazes de manusear, britar e por dormentes em uma linha férrea que crescia a média de um km ao dia. Quando então, no dia 02 de fevereiro de 1985, ao ser colocado o último trilho de um total linear de 890 km, todos comemoraram um feito histórico. Estava pronta uma das maiores e mais moderna estrada de ferro do mundo. E não é exagero dizer que ela é, também, uma das mais perfeitas. 73% de toda sua extensão estão em linha reta e apenas 27% em curvas, 347 ao todo. Tanta linearidade e um aclive que não chega a 2% permite uma velocidade média dos trens de 40 Km/h.

Pertence também a Ferrovia de Carajás o mérito de ter em circulação o maior trem-tipo em operação regular no mundo. Trata-se de um comboio com 330 vagões e 3,3 km de extensão. O sistema chamado Locotrol, que permite o transporte de mais vagões em um mesmo trem, controla a tração e a frenagem de trens de forma sincronizada e independente. Até cinco locomotivas podem ser distribuídas ao longo de uma mesma composição. As principais vantagens do Locotrol são a economia de combustível e a diminuição da distância de frenagem. Circulam nos trilhos da EFC cerca de 35 composições simultaneamente. Diariamente cerca de 10 trens de minério partem de Carajás e também de São Luis. O tráfego tem ainda o Trem de Passageiros, trens cargueiros, trens de combustíveis e algumas composições de manutenção e reparos, um setor de atividade permanente dado o gigantismo da estrutura.

Trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás – O trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás (EFC) conecta os estados do Maranhão e do Pará, passando por 25 localidades, entre povoados e municípios. Além de seguro e eficiente, o serviço tem passagens até 50% mais baratas do que o transporte rodoviário e, por isso, é a escolha de cerca de 1.300 passageiros por dia. Em funcionamento desde 1986, o trem parte da Estação Ferroviária do Anjo da Guarda, em São Luís, Maranhão, com destino a Parauapebas, no sudeste do Pará, às segundas, quintas-feiras e sábados, às 8h. Às terças, sextas-feiras e domingos, realiza o percurso de volta. Não há viagem na quarta-feira. Os passageiros contam com carro lanchonete, ar-condicionado, televisão, fraldário, ambulatório e vagão para portadores de deficiência. Para muitos moradores, o trem de passageiros EFC é o único meio de transporte disponível na época das chuvas, quando muitas estradas ficam inacessíveis para carros e ônibus. Veja na galeria a seguir imagens da fase pioneira das obras de São Luís a Paraopebas.

CUROSIDADES DA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS

*** Os trilhos dos primeiros 15 km da Estrada de Ferro Carajás foram instalados em agosto de 1982. A ferrovia teve seus estudos de viabilidade, juntamente com os projetos de engenharia, iniciados quase uma década antes, em 1974. Mas a inauguração oficial só ocorreria 11 anos depois, no dia 28 de fevereiro de 1985.

*** Em 17 de março de 1986 deu-se início a operação do Trem de Passageiros. Em média, 1.300 passageiros utilizam o serviço de transporte de Vale por dia e 350 mil ao longo do ano. O trem faz o percurso completo da viagem (São Luís x Parauapebas e Parauapebas X São Luís) atendendo usuários em 27 municípios, sendo 23 no Maranhão e 4 no Pará. São 5 estações ferroviárias (São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas) e 10 pontos de parada.

*** No dia 1º de março de 1985 aconteceu a viagem do primeiro trem de minério da CVRD. O trem saiu de Carajás e chegou em São Luís sem registrar um único problema. A não ser ma hora de descarregar no pátio da empresa no Anjo da Guarda. Como o virador de vagão ainda não estava pronto, as travas e as manobras giratórias foram realizadas a marretadas.

*** Além do minério de ferro, os trens transportam outras cargas como cobre, níquel, grãos de soja, farelo e milho. Também leva e trás pelotas, combustível, ferro gusa e celulose.

*** A EFC está ainda interligada com outras duas ferrovias: a Transnordestina Logística e a Ferrovia Norte-Sul. A primeira atravessa sete estados da região Nordeste e a segunda corta os estados de Goiás, Tocantins e Maranhão, facilitando a exportação de grãos produzidos nos estados do Tocantins, Maranhão, Mato-Grosso até o Porto do Itaqui, no Maranhão.

*** O Terminal de Ponta da Madeira entrou em operação regular em janeiro de 1986, quando foram embarcados 11,6 milhões de toneladas de minério de ferro. A operação: mina, usina, ferrovia e porto constituía, então, o Sistema Norte da Vale, compreendendo as operações da Vale no Pará e no Maranhão. Antes, mais precisamente em 1985, o Terminal de Ponta da Madeira já havia feito diversos embarques testes, sendo o primeiro deles com o navio Docepolo, que entrou para a história por receber em seus porões uma carga pioneira de 127 mil toneladas de minério.

*** A Vale desenvolve um projeto que prevê a duplicação da EFC até 2017 por meio da construção de 559 Km que ligarão cada um dos 54 pátios de manobra.

*** A EFC tem 73% de sua extensão em linha reta e 27% em curvas – são 347 ao todo. A velocidade média dos trens é de 40 Km/h.

*** Para fazer o transporte de produtos, a EFC conta com 10.756 vagões e 217 locomotivas

*** Quando da inauguração da Ferrovia de Carajás a empresa tinha em sua equipe de comando os seguintes diretores:  Eliezer Batista da Silva (presidente), Raimundo Pereira Mascarenhas (vice-presidente), José Pitella Junios (diretor de engenharia), Francisco José Schettino (diretor de produção), Renato Gomes Moretzsohn (diretor de construções), Bernardo Szpizel (diretor de projetos), Fábio Augusto Felipe Lage (superintendente de implantação do projeto Carajás) e Romildo Coelho Vello (Superintendente da estrada – Sistema Norte).

Na galeria seguinte podemos observar a grandiosidade das obras de construção da ponte dsobre o Rio Tocantins, um dos maiores e mais complexo desafios de todo o projeto.

Cronologia

1967 – O geólogo Breno dos Santos descobre a primeira jazida de minério de ferro da região de Carajás, uma das maiores províncias minerais do mundo.

1978 – Início das obras do Projeto Carajás.

1981 – Início da implantação do Projeto Ferro Carajás e da construção de Parauapebas

1982 – Início da construção da Estrada de Ferro Carajás.

1985 – Inauguração do Projeto Ferro Carajás, do Parque Zoobotânico Vale, da Estrada de Ferro Carajás.

1986 – Inicio da operação do Terminal de Ponta da Madeira, com embarque do primeiro carregamento de minério de ferro e da operação Trem de Passageiros da EFC.

1988 – Emancipações de Parauapebas e Curionópolis.

1994 – Emancipação de Canaã dos Carajás

1998 – Criação da Floresta Nacional de Carajás.

2004 – Inauguração da Mina do Sossego, marcando a entrada da Vale no mercado mundial de cobre. Início da construção da Usina 2, o Projeto Adicional 40.

2011 – Inauguração da primeira mina de níquel da Vale no Brasil: Onça Puma e implantação das estruturas de apoio do Projeto S11D em Canaã dos Carajás.

2012 – Início da operação da segunda mina de cobre da Vale: Mina do Salobo.

2013 – Inauguração da Usina 2, que ampliou em 40 milhões de toneladas a produção de ferro de Carajás.

2014 – Aniversário de 10 anos da operação da Mina do Sossego. Inicio da fase de teste do projeto Serra Leste.

2015 – 30 anos da Mina de Ferro Carajás e das operações da Estrada de Ferro Carajás.

ANOS 80 – A EFC havia começado a ser construída pouco menos de três anos antes, em agosto de 1982. O último dormente foi colocado em 15 de fevereiro, 13 dias antes da inauguração. No mesmo ano, mas no outro extremo da ferrovia, em São Luís (MA), foram iniciados os testes de carregamento com o navio Docepolo, que transportaria 127 mil toneladas de minério. O mês de janeiro de 1986 marcou o início da operação regular do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira que, naquele ano, embarcaria 11,6 milhões de toneladas de minério de ferro. Com mina, ferrovia e porto em operação, encerrava-se a fase de implantação do projeto, que absorveu milhares de trabalhadores contratados na própria região e em outras partes do país. No pico das obras, em 1982, havia 27.483 pessoas contratadas. No fim de 1986, a mina já operava com capacidade de 20 milhões de toneladas anuais; as obras de engenharia civil haviam sido totalmente concluídas. As correias transportadoras, as empilhadeiras e as recuperadoras já estavam montadas. Na ferrovia, foram concluídos os pátios intermediários, em Marabá e Açailândia, e, em março, entrou em cena o Trem de Passageiros.

ANOS 90 – Os anos 90 confirmaram a vocação de crescimento da Vale no Pará e no Maranhão. O último trimestre de 1993 seria marcado por um recorde de volume de material transportado pela EFC. Com o maior ritmo de sua história, a linha férrea garantiu um balanço final de 35 milhões de toneladas de minério de ferro transportadas, 10% a mais do que no ano anterior, além das cargas gerais. Esse aumento também se refletiu no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira que, em março de 1994, inaugurou o seu Píer II. A partir dali, o porto passava a movimentar 15 tipos diferentes de cargas, incluindo desde produtos de minério de ferro e granulados até gusa e soja em grãos. Em 1998,a nossa empresa criou a Floresta Nacional de Carajás, que faz parte da identidade de Carajás e do Sistema Norte. O fato consolidou a vocação preservadora das atividades da Vale na região.

ANOS 2000 O século XXI trouxe diversificação ao Sistema Norte, com a inclusão dos metais básicos na estratégia de nossa empresa. Em 2004, a Vale iniciou a exploração do cobre na Mina do Sossego, seu primeiro empreendimento no mercado desse metal. Ao final daquele ano, a movimentação foi de 28 milhões de toneladas. O primeiro embarque de concentrado de cobre foi realizado no dia 3 de junho de 2004, em São Luís, no Maranhão.

Em 2005, quando a presença da Vale no Pará e no Maranhão comemorou duas décadas de operação, a Mina do Sossego completou seu primeiro ano de operação integral, com registros de vendas para 13 clientes em 11 países. A produção ultrapassou novamente a barreira das 100 mil toneladas de cobre em concentrado. Sete anos depois, em 2012, a Vale inauguraria sua segunda mina de cobre, a do Salobo. Antes, porém, em 2011, o processo de diversificação prosseguiu com a inauguração de Onça Puma, a primeira iniciativa de produção de níquel da Vale no Brasil. No mesmo ano, a área de minério de ferro viu a empresa começar a implantar as estruturas de apoio de mais um projeto estratégico para a Vale: o S11D, localizado em Canaã dos Carajás (PA).Nos dois últimos anos, o segmento de Ferrosos daria outros passos importantes: em 2013, com a inauguração da Usina 2, que ampliou em 40 milhões de toneladas a produção de ferro de Carajás; e em 2014, com o início da fase de testes do projeto Serra Leste.

No dia 04 de novembro de 1993 o então presidente João Figueiredo e. ao seu lado o então governador do Maranhão Luiz Rocha. Veja as fotos:

Em setembro do ano de 1984 aconteceu a primeira travessia de um trem carregado de minério de ferro pela recém inaugurada ponte sobre o Rio Tocantins. No ano seguinte, mais precisamente no dia 02 de fevereiro de 1985, foi assentado e registrado em fotos o último trilhos dos mais de 800 km de toda ferrovia. Veja as fotos:

No dia 28 de fevereiro de 1985 aconteceu a inauguração oficial da Estrada de Carajás. A placa foi descerrada pelo então presidente João Batista Figueiredo, acompanhado pelo governador do Pará, Jader Fontenele Barbalho e o presidente da então CVRD – Companhia Vale do Rio Doce, Eliezer Batista da Silva. Três meses depois, em março de 1985 , entrou em operação O Trem de Passageiros da Vale que se tornaria um marco no desenvolvimento em toda região cortada pela nova ferrovia. O presidente de então já era o maranhense José Sarney Costa. Veja as fotos:


Lugar: PORTOSMA

Fonte: Texto/Pesquisa: Carlos Andrade
Data da Notícia: Publicada em 08/03/2015, no Jornal da Soamar