O até então maior navio graneleiro do mundo, o Vale Brasil, aportou no terminal da Vale, mais precisamente no Terminal de Ponta da Madeira, para sua viagem inaugural antes de partir, carregado de minério de ferro para a China. A cerimonia de primeira viagem, realizada no dia 24 de maio de 2011, contou com toda diretoria da mineradora, o Capitão dos Portos do Maranhão, representantes das agências de navegação e demais autoridades portuárias.
Construído pela Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co, da Corea do Sul – o VB tem como propulsor 1 MCP Wärtsilä – 7 cilindros – RT-flex82T 2 tempos, e todos os 12 navios da mesma classe terão o mesmo tipo de motor. Esta máquina desenvolve 29.400kw à 76rpm (39.410 hp) e é totalmente controlada de forma eletrônica. Ele também utiliza o sistema common-rail, especificadamente desenvolvido para operação econômica para este porte de navio, muito usado em navios VLCC atualmente, e vem atendendo as novas exigências da IMO.
O Vale Brasil é atualmente o maior navio para carga seca em operação na atualidade, com 400 mil toneladas, passando o famoso navio norueguês, que durante décadas manteve a primeira posição, o “Berge Stahl”, de 365 mil toneladas. O ore carrier (em português navio mineiro, pois somente irá carregar minério), Vale Brasil, é o primeiro de uma classe de VLOC (Very Large Ore Carrier), já é apelidado como Valemax, ao contrario do que diziam Chinamax, pois o projeto é coreano da Daewoo.
Dimensões: – Comprimento: 365 m; – Boca: 66 m; – Calado: 23 m
A frota da Vale está sendo montada para brigar com as mineradoras australianas na Ásia, principalmente no mercado chinês. A Vale deve vender este ano 140 milhões de toneladas de minério de ferro para a China, quase metade da produção total da empresa, mas quer ampliar esse volume. Para isso, os brasileiros precisam anular a vantagem geográfica dos australianos, que estão bem mais perto da Ásia.
O minério brasileiro demora 45 dias para chegar à China, enquanto os australianos precisam de apenas 15 dias de navegação. “Cada tonelada que mandamos para a China paga 30 dias de frete a mais do que o minério da Austrália. Os novos navios farão nosso produto chegar mais barato”, afirma José Carlos Martins, diretor executivo de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale.
Dependência. A missão da frota gigante será entregar grandes quantidades de minério com maior rapidez e, principalmente, acabar com a dependência dos armadores internacionais. A Vale está construindo seus navios na China e na Coréia do Sul. A frota ficará completa até o fim de 2014.
Nem todos serão propriedade da mineradora. Das 35 embarcações, 19 foram encomendadas diretamente pela Vale e as demais por armadores que irão trabalhar com exclusividade para ela durante 25 anos – a vida útil desses navios.
Eles são tão grandes que só conseguem atracar nos portos da própria Vale, no Maranhão e no Espírito Santo, e nos principais portos da China. O detalhe é que a empresa tem projetos prontos para fazer navios ainda maiores, com capacidade para 500 mil e 600 mil toneladas, mas desistiu de fazê-los agora porque não haveria portos com capacidade de recebê-los. “Seria preciso investir muito em dragagem e em equipamentos. Mas no futuro eles serão feitos”, afirma Martins, da Vale.
Os supercargueiros – como o Vale Brasil – chamam a atenção, mas eles são parte de uma empreitada mais ambiciosa. Desde 2009, a Vale vem montando, discretamente, uma das maiores frotas privadas do mundo. Entre navios novos, usados e petroleiros convertidos para graneleiros, o mercado estima que a mineradora brasileira tenha comprado cerca de 100 embarcações de 2009 para cá. A Vale não confirma esse número. Mesmo no caso dos supernavios, até agora a companhia só tinha falado das primeiras 12 encomendas.
Data da notícia: 25/05/2011.