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Relatório Oficial tenta explicar a tragédia do Centro de Lançamento de Alcântara

O que sobrou da plataforma, do VLS e de sua carga após a explosão

O terceiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS) que seria lançado a partir de segunda-feira do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), explodiu hoje na rampa de lançamento. O ministro da Defesa, José Viegas Filho, em uma entrevista coletiva, disse que houve 16 mortos – mas na manhã de sábado já se confirmava o número real de 21 óbitos.

Essa notícia amanheceu nos jornais do Brasil e do mundo no dia 23 de agosto do ano passado. Mais que isso, foi manchete dos telejornais das mais importantes redes do mundo e trafegou na velocidade de um foguete nos sites da web. De uma hora para outra, a fumaça da explosão do VLS, em Alcântara, fora vista de todo o planeta e feriu de morte o projeto especial brasileiro.

Oito meses depois daquela fumaça branca, o Ministério da Defesa torna público o Relatório preparado pela Comissão que investigou as causas do acidente que vitimou 21 técnicos do CTA – Centro Tecnológico Aeroespacial, todos da cidade paulista de São José dos Campos. O documento, divulgado nesta terça-feira, 16, pelo Ministro José Viégas, afirma que foi mesmo uma faísca elétrica, resultante das condições adversas de trabalho provocado pela falta de recursos foram as principais causas da explosão Veículo Lançador de Satélites – VLS 1.

Segundo o Ministro, “muitos equipamento ficaram guardados por falta de dinheiro para a manutenção, e a escassez de recurso materiais colaborou para a falta de condições de trabalho”. No momento da divulgação do Relatório, estavam presentes o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, o comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos da Silva Bueno, e o presidente a AEB (Agência Espacial Brasileira), Luís Bevilacqua.

O Relatório é duro quando o assunto é negligência. “Não se explica a grande quantidade de pessoas trabalhando na plataforma, quando as normas determinam que o recomendável seria no máximo sete”, afirmou um dos membros da Comissão ao Fantástico, dois dias antes da liberação do texto final. Outro vilão da tragédia se resume ao sistema de isolamento do VLS. Se a faísca eletrostática era inevitável, então era preciso isolá-la, explica o texto.

O Relatório confirma também a hipótese levantada logo após o acidente que foi uma descarga de corrente elétrica a responsável pela da ignição prematura que acionou o motor A, explodindo o VLS 1 na base maranhense de Alcântara, (MA) no dia 22 de agosto, deixando 21 mortos.

Esse é o primeiro parecer concreto das investigações sobre o desastre, afirmou o diretor do CTA – Centro Técnico Aeroespacial – o brigadeiro-do-ar Tiago Ribeiro da Silva. No entanto, segundo ele, ainda não foi descoberto de onde teria vindo essa corrente elétrica. “Da linha de fogo – local onde se daria o acionamento do VLS, com uma descarga elétrica de 1,2 amperes – não saiu. O que constatamos, pela análise dos destroços, é que o fogo não começou de fora. A hipótese mais provável é que tenha vindo de dentro, mas ainda não sabemos como e é nisso que se concentrará agora a investigação”, garante o Brigadeiro.

O Ministro José Viégas, por sua vez, disse também que os russos que vieram ajudar na elaboração do Relatório chegaram a essa mesma conclusão. Mais: elogiaram o projeto brasileiro e ainda fizeram sugestão no sentido de ser mantida a mesma política que, na opinião deles, está repleta de acertos. O cientistas visitantes disseram que o projeto não deve ser modificado, mas defenderam a implantação imediata de um novo sistema de segurança. O prazo para as investigações foi prorrogado por mais 30 dias.

O documento acaba, pelo menos oficialmente, com a tese da sabotagem ao afirmar que não foi detectada nenhuma atividade externa que possa Ter produzido o acidente.

 

Se por um lado o Relatório pode ser considerado brando, considerando a gravidade da tragédia, o mesmo não pode se dizer da cobertura da mídia. O Jornal Folha de São Paulo, por exemplo, foi enfático ao mostrar os muitos erros da operação. “A leitura do relatório da comissão de investigação do acidente com o foguete VLS-1 revela uma sucessão de falhas que demonstra o descontrole na operação de lançamento que matou 21 técnicos civis no dia 22 de agosto de 2003. Os dispositivos responsáveis pelo acionamento dos motores do foguete começaram a ser instalados na manhã do dia 22, desrespeitando o cronograma original da missão, que previa a execução da tarefa para o dia seguinte. Contrariando as regras, que dizem que nada mais pode ser feito enquanto os dispositivos estão sendo instalados, o serviço foi executado enquanto outras equipes trabalhavam simultaneamente no foguete. Entre as atividades, havia gente fazendo testes da rede elétrica, serviço que deveria ter sido concluído uma semana antes. Também fugindo às normas, foram instalados os dispositivos de acionamento em apenas dois dos motores do primeiro estágio do veículo lançador, deixando outros dois para depois do almoço. Quando voltaram para concluir o serviço, o foguete e 21 técnicos e engenheiros não existiam mais”, publicou o respeitado Jornal paulista.

No item financeiro o Relatório critica a penúria do passado mas também tem olhos para o futuro.  “O governo federal está comprometido em retomar o programa espacial brasileiro e que não faltarão recursos para cumprir a meta de lançar um novo protótipo do VLS-1 até 2006”, garantiu o Ministro da Defesa. Fala mais alto a tese corrente entre os responsáveis pela condução do projeto aeroespacial brasileiro que, se nada for  feito nos próximo três anos, o Brasil perderá de vez o bonde da história, ou do espaço para ser mais explicito.

Como a pressão nesse sentido vem de todas as órbitas, o Presidente Lula deverá anunciar – ainda este semestre – a liberação de 115 milhões de reais, verba conseguida sob a emoção dos destroços da Base de Alcântara. Os recursos, num primeiro momento, terá uma parte encaminhada para refazer a plataforma de lançamento – R$ 21 milhões – e outra para construir uma estrada que ligue a base maranhense a um porto de apoio ainda por definir. Nesse caso, o orçamento prevê um investimento de 32 milhões. O restante, cerca de 65 milhões de reais, será utilizado na construção de um novo protótipo e um novo lançamento.

Segundo o Ministro José Viegas o programa será retomado de onde parou, mas com uma diferença importante: será adicionada tecnologia estrangeira ao VLS. “As conversas estão avançadas com a Rússia e a Ucrânia”, afirmou, referindo-se aos principais fabricantes de foguetes fora do eixo EUA-União Européia.

Diferentemente do que se chegou a especular, Viegas afirma que não haverá compra de um lançador pronto. “Será aplicada tecnologia já existente ao projeto brasileiro, sobre o nosso foguete como está”, disse. Outra certeza: não haverá mudança mais profunda na concepção do VLS, como a substituição do combustível sólido pelo líquido.

Para Entender – Cerca de 700 pessoas trabalhavam na operação de lançamento do VLS -1, que deveria ocorrer na terceira semana de agosto daquele ano. De acordo com o Comando da Aeronáutica, o acidente aconteceu às 13h30 do dia 22 de agosto de 2003 na base de lançamento de Alcântara (MA), matando 21 técnicos e engenheiros do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), de São José dos Campos (SP). No acidente, ruiu a torre móvel usada na montagem e na preparação do veículo. Naquela oportunidade fora apontada como causa uma descarga elétrica, responsável pela ignição de um dos quatro motores do corpo principal do foguete. O Relatório, mostrado agora, vai mais além e aponta uma sucessão de erros que demonstra o descontrole na operação de lançamento.

O lançador de satélites VLS-1 é um dos carros-chefes do programa espacial brasileiro. É composto por quatro estágios, todos com combustível de propulsão sólida – mais simples e com impulso menos duradouro. O que explodiu foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço, do CTA, e sua missão era colocar em órbita circular equatorial, de 750 km de altura, dois satélites brasileiros, o Satec – desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – e o nanossatélite Unosat – da Universidade Norte do Paraná. Todos foram destruídos na explosão.

Primeiro país da América Latina a lançar foguete

Com o lançamento, o Brasil se tornaria o primeiro país da América Latina a enviar um foguete de fabricação própria para o espaço a partir de uma base construída perto da linha do Equador e planejada décadas atrás pelos generais do Governo Militar. A base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, e seus cerca de 800 cientistas e militares corriam contra o relógio para concluir a montagem do foguete de 20 metros de altura.

Até agora, no entanto, os cientistas e militares brasileiros não conseguiram realizar seu sonho, quase 25 anos e centenas de milhões de dólares depois. Em 1997 e em 1999, os foguetes lançados se destruíram pouco depois da decolagem devido a problemas técnicos.

Desta vez, porém, na base de Alcântara, havia uma determinação renovada para garantir o sucesso da empreitada. Ribeiro, que trabalha vestido com uniforme militar e dirigiu as tentativas de lançamento de 1997 e 1999, se dizia confiante no fato de os problemas anteriores terem sido resolvidos. O major-brigadeiro não convidaria repórteres para acompanhar o lançamento.

Veículo de lançamento de satélite

Os funcionários do laboratório de Alcântara deram início à montagem do foguete (Veículo de Lançamento de Satélite, VLS) de US$ 6,5 milhões no dia 1º de julho de 2003, quando começaram a chegar os componentes enviados de São Paulo.  O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) montou dois pequenos satélites, que carregam equipamentos de posicionamento, um transmissor para comunicações e uma bateria.

Os satélites, guardados juntos em um compartimento, seriam lançados em uma órbita baixa da Terra (cerca de 750 quilômetros acima da superfície), menos de oito minutos depois do lançamento e quando o último estágio do foguete fosse descartado. O sucesso do lançamento significaria uma grande vitória para o Brasil. Conforme autoridades, a base de Alcântara tem potencial para se tornar um dos maiores centros de lançamento de satélite do mundo.

A base é a mais próxima da linha do Equador já construída, o que permite aos foguetes levar menos combustível e cargas mais pesadas, já que se aproveitam das forças centrífugas do planeta. Em julho de 2003, o governo brasileiro assinou um acordo com a Ucrânia, prevendo que Alcântara será a base de lançamento dos foguetes Cyclone.

Trabalham na base de Alcântara cerca de 800 cientistas e militares.  O VSL1  tem 20 metros de altura. A montagem do foguete que explodiu começou em julho.  O valor aproximado do VSL 1 é de 6,5 milhões  – cotação do dólar de 1º/07 – , quando começaram a chegar os componentes enviados de São Paulo. Em julho, o governo brasileiro assinou um acordo com a Ucrânia, prevendo que Alcântara será a base de lançamento dos foguetes Cyclone. A missão maranhense é coordenada pelo brigadeiro Thiago Ribeiro.

23/08/03 – Lista oficial dos mortos

O Comando da Aeronáutica divulga a lista dos servidores civis do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), falecidos por ocasião do acidente ocorrido no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), ontem, dia 22 de agosto de 2003, às 13h30:

  1. Amintas Rocha Brito
  2. Antonio Sergio Cezarini
  3. Carlos Alberto Pedrini
  4. Cesar Augusto Costalonga Varejão
  5. Daniel Faria Gonçalves
  6. Eliseu Reinaldo Moraes Vieira
  7. Gil Cesar Baptista Marques
  8. Gines Ananias Garcia
  9. Jonas Barbosa Filho
  10. José Aparecido Pinheiro
  11. José Eduardo de Almeida
  12. José Eduardo Pereira II
  13. José Pedro Claro Peres da Silva
  14. Luis Primon de Araújo
  15. Mario Cesar de Freitas Levy
  16. Massanobu Shimabukuro
  17. Mauricio Biella de Souza Valle
  18. Roberto Tadashi Seguchi
  19. Rodolfo Donizetti de Oliveira
  20. Sidney Aparecido de Moraes
  21. Walter Pereira Junior

Lugar: PORTOSMA
Fonte: Folha, CTA e Ministério da Defesa
Data da Notícia: 16/03/2004