

Projetada
para uma produção inicial de 100 mil toneladas de
alumínio e 500 mil de alumina, a fábrica da Alumar
enfrentou sérios desafios antes de liberar a primeira fumaça
branca pelas chaminés de sua Refinaria. Se o mundo dos
dólares e da alta tecnologia caiu de uma hora para outra
nessa parte distante do mapa, um outro mundo, o do apocalipse,
também despencou na cabeça dos responsáveis
pela fábrica e - como não poderia deixar de ser
- na daqueles que autorizaram a sua implantação.
Estudos de duvidosas bases científicas eram exibidos por
políticos de oposição e naturalistas oportunistas
com um só propósito: salvar a ilha da catástrofe
e da hecatombe que se abateria sobre a capital maranhense. A Alumar,
diziam eles, iria aniquilar de vez o nosso meio ambiente, matar
a fauna, a flora e, por conseqüência, os até
então assustados habitantes. Apesar de tudo isso a construção
da fábrica seu curso. Ninguém morreu, a ilha continua
aqui e o Maranhão agradece.
Texto
e pesquisa: Carlos Andrade - Fonte: Perfil do Maranhão |
A
evolução de uma empresa além mar...
Reportagem
publicada na Edição Especial do Jornal
da Soamar, em julho de 2000.
Uma
manchete de primeira página,
em oito colunas, do Jornal Estado do Maranhão do dia 16
de agosto de 1984, era a síntese do evento mais importante
daquele dia: "Alumar inaugura a sua fábrica de alumínio".
Começava assim a se consolidar um projeto iniciado quatro
anos antes, mais exatamente no 31 de julho de 1980, quando o então
presidente da Alcoa do Brasil, Alain Belda, na presença
do
secretário chefe da Casa Civil, José Ramalho Burnet
da Silva - que representou o Governador do Maranhão, João
Castelo - do prefeito de São Luís, Mauro Fecury,
do Gerente de Operações da Alcoa, Luiz Antonio Monteiro
Oliveira e do Presidente da Associação Comercial
do Maranhão, Haroldo Cavalcanti, plantara uma simbólica
muda de ipê amarelo, e, como se fora a pedra fundamental,
autorizava o início da fase de construção
daquele que viria a ser um dos maiores projetos metalúrgicos
da América Latina.
Estava
aberta portanto a torneira de um dos mais importantes
e mais expressivos investimentos privados - cerca de 1,5 bilhão
de dólares - naquele Brasil de pura recessão.
Antes de chegar ao Maranhão - estado escolhido por razões
naturais portuárias e por estar situado numa zona de cobertura
de energia farta garantida pela hidroelétrica de Tucuruí
- o projeto Alumar, distante apenas 18 kms da capital São
Luís, teve o aval de nada menos de cinco ministérios,
devidamente endossado pela assinatura inquestionável do
Presidente da República do Brasil. Na época, o General
João Batista Figueiredo.
O período, no entanto,
não era apenas de dificuldades econômicas. As turbulências
políticas também eram grandes. O país era
governado pelo último dos generais e caminhava a difícil
trilha em direção às eleições
diretas que culminariam em um presidente civil. O Presidente Figueiredo
porém não deixaria o Governo sem antes conhecer
o canteiro de obras da fábrica de alumínio maranhense.
Em 1983, mais precisamente no mês de junho, numa comitiva
onde além dos diretores da Alcoa e Billiton também
se fazia presente o empresário Sebastião Camargo,
o General Presidente inspecionou obras, ouviu explicações,
conheceu o projeto e foi embora praticamente da mesma forma como
chegou: sem muitas palavras.
Um ano depois, quando
o complexo seria inaugurado, foi novamente convidado. Não
veio. Aquela efervescência de antes em Brasília,
mais política do que nunca no ano de 1984, impediriam aquela
que seria a última viagem de um presidente militar ao Maranhão.
Voltando à cena anterior, a do Tabebuia serratifolia (nome
científico do ipê), vamos encontrar um Brasil iniciando
a década de 80 de forma conturbada, embora o Maranhão,
por conta dos grandes projetos industriais, viva o seu melhor
momento no aspecto de grandes investimentos e promessas de futuro.
No dia 01 de agosto daquele ano, o Estado amanheceu com um imenso
canteiro de obras duas vezes maior que o Projeto Jari, no Pará,
e logo se transformaria no centro das atenções dos
grandes investidores.
A figura do gringo, antes
rara e passageira, também seria incorporada de forma definitiva
à vida da capital, São Luís, que, de uma
hora para outra, se viu diante de uma situação curiosa:
falava o melhor português do Brasil e o pior inglês
do mundo. No princípio era apenas a Alcoa. A figura jurídica
do Consórcio viria um ano depois do início da construção
da fábrica. No dia 29 de setembro de 1981, a Billiton Metais
- uma empresa subsidiária da Shell - se incorporava ao
projeto arrematando 40% das ações e se tornando
parceria definitiva do imenso volume de investimentos. A Alcoa
se manteve majoritária com 60%. Estava pronto o novíssimo
modelo de gestão e a nova empresa agora seria chamada de
Consórcio de Alumínio do Maranhão - Alumar.
As duas multinacionais
ficariam sozinhas no mega projeto até o final, da construção
e também nos primeiros anos de operação.
A situação mudou com a entrada da empresa canadense
Alcan Alumínio e da americana Abalco, ambas na Refinaria.
Na Redução, onde é fabricado o alumínio,
a situação se mantém - Alcoa e Billiton -
desde o nascimento do Consórcio, embora as cotas acionárias
já não fossem as mesmas. Uma reestruturação
de capital aumentou a participação da Billiton em
4%, elevando a sua cota para 44%. Alcoa, que tinha 60%, ficou
com os outros 56%, se mantendo porém como acionista majoritária,
como era no princípio.
Os
primeiros anos da década de 80 para o Brasil,
como já fora dito antes, eram de dificuldades. Por isso
muitas frentes de investimentos foram abertas fora das zonas de
influências políticas, como o Norte-Nordeste, por
exemplo. Além da Alumar, em São Luís, outros
projetos importantes foram implantados com o objetivo de usufruir
dos incentivos do Governo Federal, sobretudo por causa das jazidas
de minérios descobertas na região e da energia excedente
de Tucurui.
Como
exemplos, a Mineração Rio do Norte
(Trombetas), Albras e Alunorte (Vila do Conde), todas no estado
do Pará. Na esteira desses empreendimentos o Maranhão
foi o grande beneficiado. Diversos outros núcleos industriais
aqui seriam instalados, entre os quais as guzeiras ao longo da
ferrovia de Carajás nas regiões de Açailândia
e Santa Inês. Outra conseqüência: a cidade maranhense
de Rosário viu finalmente implantado o projeto da Metalman
e até mesmo o nosso Distrito Industrial experimentou uma
expansão até certo ponto surpreendente, considerando
as dificuldades econômicas de então.
Projetada inicialmente para
uma produção inicial de 100 mil toneladas de alumínio
e 500 mil de alumina, a fábrica da Alumar enfrentou sérios
desafios antes de liberar a primeira fumaça branca pelas
chaminés de sua Refinaria. Se o mundo dos dólares
e da alta tecnologia caiu de uma hora para outra nessa parte distante
do mapa, um outro mundo, o do apocalipse, também despencou
na cabeça dos responsáveis pela fábrica e
- como não poderia deixar de ser - na daqueles que autorizaram
a sua implantação.
Estudos
de duvidosas bases científicas eram exibidos
por políticos de oposição e naturalistas
oportunistas com um só propósito: salvar a ilha
da catástrofe e da hecatombe que se abateria sobre a capital
maranhense. A Alumar, diziam eles, iria aniquilar de vez o nosso
meio ambiente, matar a fauna, a flora e, por conseqüência,
os até então assustados habitantes. Alheios à
campanha anti-Alcoa, os engenheiros da empresa, quase todos americanos,
praticamente exigiram dos seus tra-dutores que os poupassem dessa
parte, relevando assim a "ofensiva" à sua verdadeira
importância. A construção da fábrica
seguiu seu curso, ninguém morreu, a ilha continua aqui
e o Maranhão agradece.
Sua frágil economia inicia
um novo ciclo. Já fora agrícola, mudara para têxtil
e agora adentrava - de lingotes em punho - na era moderna da industria
metalúrgica. Melhor: estréia como protagonista no
disputadíssimo mercado mundial de alumínio e de
minério de ferro. O Maranhão, mais agradecido ainda,
viu um mundo de novas empresas aqui se instalarem a rebo-que das
empresas-mãe. Como resultado desse pool, toda a economia
mudou, corno mudaram também as dimensões das coisas
e, principalmente, dos equipamentos. O porto do Itaqui, que antes
se bastava com guindastes de 6 mil quilos, logo teve que contratar
novas empresas para solucionar desafios de encomendas superior
a 35 toneladas, na grande maioria das vezes, com até 30
metros de comprimentos.
Bem ou mal, o Estado
e os maranhense fizeram a sua parte. A incerteza dos primeiros
momentos fora aos poucos sendo substituída pela confiança.
Esse novo sentimento dá aos investidores o aval necessário
para continuar. De outra forma, como justificar os propósitos
das empresas Alcoa e Billiton em investir tanto dinheiro no Maranhão?
Por quê investidores com negócios no mundo inteiro
escolheriam esse pedaço sumido do mapa, muito distante
das regiões próximas dos seus interesses?
Quem
quer que Ihes tenha dito que o Eldorado seria
aqui, não mentiu. Pouco tempo depois, os mais renomados
especialistas em grandes investimentos não tinham mais
receio em afirmar que o Maranhão seria, naquele momento
conturbado da economia nacional, o único Estado brasileiro
onde alguma coisa grandiosa estava acontecendo. Uma só
não. Duas. Além do Consórcio Alumar, também
a Companhia Vale do Rio Doce iniciava a implantação
do projeto Ferro Carajás. Nesse caso, o do ferro, só
na ferrovia a ser implantada entre a cidade paraense de Paraopebas
e a capital maranhense, seriam assentados mais de mil e quinhentos
quilômetros de trilhos, considerando a linha principal e
os pátios de desvios.
No outro, o do alumínio,
tomando por base apenas a Fase 1, os números são
igualmente impressionantes: movimentação de 18 milhões
de metros cúbicos de terraplanagem; dragagem de 18 milhões
de metros cúbicos de material no estreito do coqueiro;
lançamento de 155 mil metros cúbi-cos de concreto;
fabricação e montagem de 18 mil toneladas de tanques;
montagem de mais de 30 mil toneladas de equipamentos e igual quantidade
de estruturas metálicas; montagem de 12 mil toneladas de
tubulações; 42 kms de correias transportadoras;
construção de dois viadutos, um terminal portuário
e, por fim, construção e pavimentação
de mais de 35 kms de rodovias na área interna da fábrica.
O cronograma de obra
demonstrou como a construção da fábrica maranhense
foi levada a sério e os padrões do Tio Sam fizeram
escola. Um dos primeiros Gerentes de Produção, o
americano Samuel B. Devall, costumava perguntar aos seus auxiliares
mais próximos como estava a alma da fábrica. Era
sua maneira prática de aferir o contentamento dos empregados
e, a partir dessa informação, solucionar insatis-fações
e garantir prazos e cronogramas.
Na
prática ele apenas recorria a um modelo
de já dera certo antes. Em novembro de 83, no pique da
obra, o Gerente de Construção, Robert Dutcher, mantinha
sob suas ordens 15 mil homens, numa mistura de raças e
talentos que mesmo não falando a mesma língua, tinham
em comum uma única missão: entregar a obra no espaço
de tempo preestabelecido e dentro dos padrões americanos
de segurança e confiabilidade.
À
medida que o calendário ia avançando a
Alumar crescia como fábrica. Faltando apenas seis meses
para a inauguração, a maioria das frentes já
estava na fase de implantação e montagem dos equipamentos.
O porto, de todas, era a mais adiantada. No dia 17 de janeiro
de 1983, atracava no Terminal da Alumar, o navio Alamoa, carregado
de soda cáustica. Era o primeiro de uma série de
desembarques com as matérias primas necessárias
para dar substância ao metal objetivo de todo o esforço
iniciado na simplória cena do ipê amarelo: o alumínio.
Depois
da soda cáustica, adentraram pela ordem,
no novíssimo porto, bauxita - o primeiro navio com esse
minério foi o Puffin Arrow, no dia 17 de março de
1984 - coque, carvão mineral e piche. Assim como o cais,
a Refinaria também já ensaiava vida ativa e a alumina
estava cada vez mais próxima. O mesmo poderia ser dito
da Redução, dos lagos de resíduos, do sistema
próprio de abastecimento de água, da sala de cubas
e dos demais prédios onde iriam ser instaladas as oficinas
e os centros administrativos.
Ao mesmo tempo que
os edifícios iam sendo concluídos e os equipamentos
montados, a data da inauguração oficial se aproximava
mais ainda. No dia 13 de maio de 1984 - exatos três meses
antes do grande dia - a Refinaria entraria em operação
pela primeira vez com a circulação de licor aquecido.
Trinta dias depois iniciaria a produção de alumina
calcinada. O teste final aconteceu na Redução, em
09 de julho daquele ano. Sob aplausos, as primeiras toneladas
de alumínio genuinamente maranhense, deixaram a sala de
cubas conduzidas, em estado líquido, por cadinhos escaldantes
para, enfim, no setor de lingotamento, solidificarem sob a forma
de lingotes.
Chegou
então o grande momento. 1.476 dias depois
daquela cena simbólica do Ipê amarelo, finalmente
estava concluída a fase de trabalho, sacrifícios
e desafios. Com o alumínio pronto, uma pausa e a melhor
de todas as roupas porque era preciso fazer história. A
data escolhida para a inauguração oficial da Alumar
foi uma quinta-feira: 16 de agosto de 1984. O Presidente João
Figueiredo mais uma vez não veio, mas mandou dois representante:
Os ministros César Carls, das Minas e Energia e Camilo
Pena, da Indústria e Comércio.
A
lado deles, o representante da Alcoa, Alain Belda;
da Billitonn, Abel Carparelli; do Programa Grande Carajás,
João Menezes; o então Gerente de Operações
da Alumar, Luiz Antonio de Oliveira e autoridades políticas
da mais alta patente do Estado. Pela ordem, o governador Luiz
Alves Coelho da Rocha, o prefeito Mauro de Alencar Fecury e o
presidente da Assembléia Legislativa, deputado Celso Coutinho.
A cerimônia, no entanto, não interromperia mais a
linha de produção. Naquele instante, da mesma forma
que as letras formavam as palavras e estas os discursos, o porto
recebia a bauxita, a Refinaria produzia alumina e a Redução
a transformava em alumínio.
FASE
II - O objetivo inicial de 100 mil toneladas de
alumínio e 500 mil de alumina estava garantido. Mas a expectativa
do mercado já não era mais a mesma. A Rússia
ainda era União Soviética e tanto os executivo da
Alcoa quanto da Billiton já haviam vislumbrado o que eles
chamam de "oportunidades da crise". Resultado: antes
mesmo da inauguração da primeira fase, os donos
do Consórcio Alumar já haviam autorizados o início
da construção da Fase II. Mais uma vez o Maranhão
agradece. A nova etapa significa mais 200 milhões de dólares
de investimentos. Dessa vez com um naco de capital nacional injetado
pela gigante da construção civil, a Camargo Corrêa,
a mais nova acionista da Alcoa do Brasil.
Apoiada
por uma Refinaria tecnicamente capaz de produzir
muito além das 500 mil toneladas anuais iniciais, a nova
expansão centrou recursos na ampliação de
alguns prédios, otimizou uma série de outros equipamentos,
mas principalmente investiu pesado no setor de Redução.
Dois novos prédios de cubas eletrolíticas foram
construídos, ambos com 900 metros de extensão e
cada um equipado com 125 novas unidades.
Se
tudo corresse bem, a nova etapa seria concluída
em julho de 1986. Correu melhor ainda. Em março daquele
ano, mais precisamente no dia 18, como para compensar a falta
histórica da primeira Fase, ninguém menos que o
próprio Presidente da República, fez questão
de cortar a fita simbólica. Seu nome: José Sarney,
cujo orgulho, refletia em todas as suas manifestações
de maranhense. Com a Fase II, as metas de produção
de alumínio e alumina praticamente triplicaram: o primeiro
passou de 100 mil para 245 mil toneladas/ano, enquanto a segunda
beirou a casa de um milhão de toneladas.
FASE
III - Três anos depois da entrada em operação
da Fase II. Alcoa e Billiton decidiram: já era hora de
uma nova fornada de capital na empresa. Entra em fase de construção
a última das ampliações do Projeto Alumar,
seqüencialmente chamado de Fase III. Outra vez a Redução
ganhou prioridade nas ampliações. Mais dois prédios
de cubas acrescentaram 145 unidades às 563 das duas fases
anteriores, perfazendo um total de 608. Também foram ampliados
os setores de cozimento de ânodos e lingotamento, construídos
novos silos de estocagem de alumina e adquiridos outras unidades
de retificadores, compressores, reatores e uma série de
outros equipamentos fundamentais para os novos parâmetros
de produção. A Fase III entrou em operação
no dia 18 de setembro de 1990 catapultando a produção
de alu-mínio para 345 mil toneladas/ano.
Com tamanha capacidade de
produção, o Consórcio Alumar ratificou ainda
mais sus posição de maior produtor de alumínio
do país – posição já alcançada
com â Fase II – situando-o entre as três maiores
plantas do mundo. Uma das maiores e, seguramente, uma da mais
eficientes. Nos últimos cinco anos a produção
tem se mantido praticamente a mesma. Ou seja: 365 mil de alumínio
e 1,25 milhão de alumina. Essa normalidade também
se faz presente na área de importação das
matérias primas utilizadas. A média mensal de navios
no terminal portuário da empresa tem se mantido em 11,3
e seus números de movimentos de cargas e tonelagem sempre
batem acima de 3 milhões de toneladas/ano.
O
PORTO - Construido
de forma prioritária juntamente com a Fase I, o Terminal
da Alumar está localizado na baía de São
Marcos confluência do Estreito dos Coqueiros com o Rio dos
Cachorros, a Oeste da Ilha de São Luís, tendo na
margem oposta a Ilha de Taua Mirim. Com um canal de acesso de
5,5 kms - a partir do porto do Itaqui - apresenta uma largura
mínima de 120 metros, sinalizado e balizado pela própria
empresa.
O
terminal tem capacidade para receber navios de
até 50 mil toneladas, calando de 8 a 12 metros quando carregados.
Apesar de ter sido projetado para operar em sua maior parte do
tempo com descarregamento de matérias-primas, como bauxita,
carvão, coque, piche, soda cáustica e carvão
mineral, também foi concebido para operar com exportação.
Primeiro
seria apenas a alumina excedente, distribuídas
entre as empresas consorciadas de acordo com as cotas de cada
uma na Refinaria. Depois, graças a sucessivas experiências,
inclusive com colaborações de empresas estivadoras
como Costa Norte e Pedreiras Transportes, pas-sou também
a exportar o seu próprio alumínio. Os primeiros
testes, feitos em dezem-bro de 1995, começaram de forma
tímida, com 6,8 mil toneladas.
Essa
prática atingiu seu mais alto grau de eficiência
em 1998, quando mais da metade do alumínio produzido foi
exportado pelo terminal da empre-sa. Até agora a empresa
realizou 55 embarques de alumínio, sendo o maior deles
de o de 28,5 mil toneladas. Para a Alumar, no entanto, exportar
seu próprio alumínio ficou mesmo no terreno das
experiências. Nesse caso, o principal produto a deixar o
terminal é a alumina. A quase totalidade do alumínio
produzido pelas empresas consorciadas deixa o Maranhão
através do porto do Itaqui. Apenas uma pequena parte –
menos de 10% - é transportada via rodoviária para
o Sudeste do país.
A REFINARIA
- A Refinaria é a parte da fábrica
onde o milagre acontece. A bauxita - vermelha e barrenta - entra
em seus digestores, atravessa milhares de metros de tubos, recebe
banhos e mais banhos, é lavada e misturada com soda cáustica
e, algum tempo de-pois, é branca como um açúcar
e pura como uma tapioca. Todo o processo é controlado por
um moderno sistema de computadores, garantindo assim a máxima
eficiência dos equipamentos e um desperdício próximo
de zero de matérias-primas. Um dos maiores artefatos da
fábrica está na Refinaria. São os chamados
precipitadores, com seus fantásticos 18 metros de diâmetros
e 30 de altura. As caldeiras - em número de três
- também se destacam pelo gigantismo. Juntas produzem 210
toneladas/hora de vapor, eficiência conseguida graças
ao sistema de reinjeção de cinzas, processo até
então inédito no Brasil. Isso não é
tudo. Só nos trocadores de calor foram implantados o equivalente
a 200 quilômetros de tubos de aço, ou quatro vezes
o tamanho da rede do sistema Italuís.
O
processo de fabricação da alumina
consiste em cinco etapas a saber: moagem,digestão, classificação,
precipitação e calcinação. Pronta,
a alumina tem dois destinos: A maior parte segue para a Redução
onde alimentará as cubas para fabricação
do alumínio - na proporção de 2X1 - enquanto
o excedente vai para os silos de estocagem na área do porto
para ser ex-portado de acordo com os interesses de cada uma das
empresas consorciadas. Enquanto Alcoa entrega sua cota para ser
comercializada e exportada pela Abalco, a Billiton destina parte
de sua alumina para a Valesul, no Rio de Janeiro, onde também
produz alumínio em sociedade com a Companhia Vale do Rio
Doce. O resto é exportado. No caso da Alcan são
dois os destinos de sua alumina. Uma parte segue para a sua fábrica
de alumínio primário em Aratu, na Bahia, enquanto
a outra é exportada para o Canadá.
REDUÇÃO
- Depois de percorrer mais de 1.890 kms em navios, de Trombetas,
no Pará, até São Luís, no Maranhão,
finalmente a bauxita encontra o seu destino mais nobre. Já
foi carga de porão, passou por todas as fases da Refinaria,
foi chamada de lama, se viu alumina e, finalmente, na Redução
- terá o maior choque de sua vida é verdade - mas
será para todo o sempre alumínio. Ali tudo beira
o limite. A corrente elétrica é tanta que um linhão
de 500 Kv foi construído só para alimentar as atuais
608 cubas eletrolíticas. Estas, por sua vez, consomem mais
de 195 mil ânodos por ano, com média mensal de 16,2
unidades. Se no resto da fábrica os cuidados são
sempre redobrados, na Redução são muito mais
inda.
Antes de ganhar consistência
sólida própria dos metais, o alumínio deixa
as cubas em estado líquido sendo transportado através
de recipientes chamados cadinhos com destino a área de
lingotamento. Aqui ganha duas identidades: lingotes ou bacias,
dependendo do cliente ou do país para onde será
exportado. O primeiro formato é o mais usual. Qualquer
que seja o escolhido, no entanto, o destino do alumínio
vai ser sempre o mesmo. Será outra vez derretido para dar
forma a um leque infinito de produtos, passando de uma prosaica
panela de cozinha até as sofisticadíssimas fuselagens
de aviões e naves espaciais.
FÁBRICA
DO CONSÓRCIO DE ALUMÍNIO DO MARANHÃO
- CRONOLOGIA |
1980 - JULHO
- O plantio de um ipê amarelo (Tabebuia serratifolia) foi
o marco inicial para a construção da fábrica
de Alumínío da Alcoa, no Estado do Maranhão.
1981- SETEMBRO -
No dia 29 a multinacional Billiton Metais, então subsidiária
da Shell, entra no canteiro de obras pela porta dos acionistas
e inau-gura o modelo de gestão chamado Consórcio.
1983 - JUNHO - O
Presidente da República, General João Batista Figueiredo,
acompanhado do empresário Se-bastião Camargo, visita
o canteiro de obra da fábrica da Alumar.
NOVEMBRO
- A fase de construção da Alumar
atinge seu pique máximo de trabalho e de homens envolvidos:
15 mil só no canteiro de obras.
1984
- JANEIRO - Ao atracar no dia 17, car-regado de
soda cáustica, o navio Alamoa inaugura o Terminal Portuário
da Alumar e passa para a história como o primeiro de todos.
MARÇO
- Chega ao terminal Portuário da Alumar, no dia 25, o navio
Puffin Arrow, vindo de Trombetas, no Pará. É o primeiro
carregamento de bauxita da história do Consórcio.
MAIO
- É dada a partida da fábrica da Refinaria com meta
de produção anual de 500 mil toneladas de alumina.
JULHO
- Trinta dias antes da inauguração
oficial, a fábrica da Redução entra em operação
pra valer com a Fase I.
AGOSTO
- No dia 16, os ministros Cesar Carls e Camilo Penna, juntamente
com os caps do Con-sórcio Alain Belda, Abel Carparelli
e Luiz Antonio Oliveira, inauguram a fábrica do Consórcio
de Alu-mínio do Maranhão - Alumar.
1986 - FEVEREIRO
- A fábrica de Redução deu partida da Fase
II, elevando a produção anu-a/ de alumínio
para 250 mil toneladas.
1990
- SETEMBRO - A Fase III da Redução
entra em operação, atingindo as atuais 365 mil to-neladas
de alumínio/ano.
1991
- OUTUBRO - Uma crise no preço do alumínio,
o chamado "efeito Rússia", obriga as em-presas
produtoras - como a Alumar - reformular toda planilha de investimento
para o biênio 1991 e 1992.
1992 - FEVEREIRO
- A empresa canadense Alcan Alumínio se integra - na Refinaria
- as ou-tras multinacionais Alcoa e Billiton e se torna a mais
nova integrante do Consórcio Alumar.
1993 - JANEIRO - O Navio Júlia, no dia 05, entra para a
história da Alumar como o milésimo a atracar no
porto da empresa. Coque era o produto.
DEZEMBRO
- A Refinaria atinge a produção de 1 milhão
de toneladas/ano de alumina. No mesmo mês, Com o projeto"
Programa de Emissões de Fluoreto" a Alumar conquista
o prêmio de Excelên-cia Ambiental concedido pela Alcoa
Mundial.
1994 - JUNHO - Depois de alguns testes, finalmente
a Alumar realiza o primeiro embarque de alumínio pelo seu
próprio terminal. O navio Puffin Arrows, de bandeira panamenha,
deixa o porto car-regado com 5 mil toneladas (da Billiton) com
desti-no ao Japão.
OUTUBRO
- Um coquetel realizado pela Mansul, no convés do próprio
navio, atracado no cais do Terminal da Alumar, serviu para comemo-rar
a viagem inaugural do São Luíz.
1995
- ABRIL - A Alumar faz doação
de 40 mil dólares para a UFMA utilizar nas despesas com
a 47" Reunião da SBPC - Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência.
JUNHO
- Os Práticos de todo o país, reunidos
em São Luís para o encontro Nacional da FRONAPE,
visitam a fábrica da Alumar e conhe-cem o Terminal Portuário
da empresa.
AGOSTO
- A empresa Costa Norte testa pela primeira vez o içamento
dos atados de alumínio diretamente das carrocerias dos
caminhões. O na-vio foi o Pelican Arrows.
OUTUBRO
- Um aporte de capital da ordem de 36 milhões de dólares
começa a ser aplicado na Refinaria. Objetivo: otimizar
ações, redimensionar equipamentos e elevar a produção
de 1 para 1,3 milhão de toneladas de alumina.
1996 - JULHO - A
Alumar inaugura o Parque Ambiental, uma área de preservação
com 1 mil e 800 hectares de mata virgem, brejos e manguezais.
Presentes a Governadora Roseana Sarney e o vice-presidente mundial
da Alcoa na área de meio-am-biente, Rick Kelson e o Superintendente
de Meio Ambiente, Maurício Macedo.
OUTUBRO - Com o
carregamento do navio Kwi Arrow, o terminal da Alumar atinge a
expressiva marca de 100 mil toneladas de alumínio exporta-das.
Foi o 14° embarque do produto.
1997
- JANEIRO - Um cheque de 42,8 mil dólares
é repassado pela Alumar ao Senai para financiamento do
projeto projeto Cequal.
JUNHO
- Um cabide de alumínio marca o inicio do projeto "Empresário
do Futuro", idealizado pela Alumar em convênio com
o CEFET.
NOVEMBRO
- Início da implantação
do Alcoa Business System (ABS) na área de Eletrodos.
1999 - MARÇO
- A Alumar faz treinamento intensivo, simulações,
e anuncia está preparada para o bug do milênio.
2000 - JANEIRO -
O engenheiro Luiz Carlos Fossati assume a Gerência de Operações
do Con-sórcio e é o 5° funcionário da
Alcoa a assumir o posto mais alto da fábrica Alumar.
MARÇO
- Anunciada a construção de uma usi-na termo elétrica
e duplicação da área do porto para os próximos
anos. O capital previsto para os investimentos é superior
a 1 bilhão de dólares.
ABRIL
- Brasil 500 Anos. A Alumar faz o plantio simbólico de
100 mudas do pau brasil na área de fábrica. Também
realiza mostra de quadros retra-tando a realidade dos índios
brasileiros.
JULHO
- A Alumar conquista a certíficação ISO 14001.
É mais um reconhecimento internacional a sua premiada política
de gerenciamento ambiental.
JULHO
- Dia 31. A fábrica - incluindo operação
e construção - completa 20 anos e se consolida como
uma planta de referência no mercado mun-dial de alumínio
e alumina.
AGOSTO
- Dia 16. A data marca a inauguração oficial da
fábrica, em 1984, pelos ministros César Carls e
Camilo Penna e mais os executivos Alain Belda (Alcoa), Abel Carpareli
(Billiton) e Luiz Antônio Oliveira (Consórcio Alumar).
QUEM
É QUEM NO CONSÓRCIO DA ALUMAR |
Abalco
S.A - Fundada em 1995, quando passou a fazer parte
do Consórcio Alumar, a Abalco S/A é uma Join Venture
entre a Alcoa Incorporation e a multinacional australi-ana WMC.
No Brasil - Criada
com a finalidade específica de comercializar alumina, é
a mais nova integrante do Consórcio Alumar. Sua trajetória
no Brasil é igual ao registro de criação:
01.01.1995. A sede da Abalco fica na cidade mineira de Poços
de Caldas e tem escritório de representação
em São Luís. Participação acionária
no Consórcio Alumar: 18.9% na Refinaria.
Gerente Administrativo em São Luís: José
Carlos B. Pires
Alcoa
- Alumínio S.A
- Fundadada em 1888, a Alcoa pos-sui no mundo inteiro 300 unidades
operacionais e escritórios comer-ciais em mais de 36 países.
Sua produção bruta anual de alumínio primário
é de 22 milhões de tone-ladas e emprega 140 mil
funcio-nários. Ao adquirir o controle acionário
da Reynolds Metal Company - o segundo maior pro-dutor de alumínio
do mundo - e a Cordant, a Alcoa se transformou num dos maiores
conglomerados empresarias do planeta, com faturamento de 21 bilhões
de dó-Iares por ano.
No Brasil - No Brasil
a empresa mantém um escritório central em São
Paulo e fábricas nas cidades de Alphaville, Sorocaba, Itajubá,
Itapissuma, Lages, Poços de Caldas, Salto, São Caetano,
São Luís, Tubarão, Utinga e Rio de Janeiro.
Participa também na área de mineração
em Trombetas, na Mineração Rio do Norte. Sua rede
de distribuição de produtos acabados de alumínio
está presente em quase todo país: Belo Horizonte,
Curitiba, Campinas, Caxias, Fortaleza, Florianópolis, São
Paulo, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São
José do Rio Preto e Vitória. Participação
acionária no Consórcio Alumar: 53.66% na Redução
e 35.1 % na Refinaria.
Gerente Administrativo em São Luís:
José Carlos Batista Pires
Alcan
Alumínio do Brasil Ltda - Como uma das
mais importan-tes produtoras de alumínio do mun-do, a Alcan
- líder nacional no se-tor de laminados - está presente
com escritórios e operações de produção
em 30 países. Através de subsidiárias e associadas,
a empresa domina todos os processos da cadeia produtiva do alumínio,
indo desde a extração da bauxita até a linha
de produtos acabados, vendas e reciclagem.
No Brasil - Sua
trajetória nacional começou no ano de 1940, operando
em três
estados: Bahia, na cidade de Aratú; Minas Gerais, em Ouro
Pre-to e São Paulo, com três unidades: Mauá,
Santo André e Pindamonhangaba. A empresa conta tam-bém
com a participação em subsi-diárias como
a Alumar, no Maranhão; Petrocoque S.A Indús-tria
e Comércio, no Estado de São Paulo e a Mineração
Rio do Norte, no Pará. A Alcan do Brasil regis-trou uma
receita de venda em 99 de 355 milhões de dólares
e sua produção de alumínio no ano pas-sado
foi de 104 mil toneladas. Par-ticipação acionária
no Consórcio Alumar: 10% na Refinaria.
Gerente Regional de São Luís:
Carmem Romana Teixeira
Billiton
Metais S.A - A Billiton é uma companhia
com atividades diversificadas de mine-ração e produção
de metais com sede em Londres e operações na África
do Sul, Brasil, Austrália, Colômbia, Canadá,
Moçambique e Suriname. Tem papel destacado na produção
de bauxita, alumina, alumínio,cal, carvão, níquel,
mangnês, cromo, titânio e outros metais não
ferrosos como cobre, zinco e chumbo. Emprega 32 mil pessoas e
seus ativos estão na or-dem de 9,5 bilhões de dólares.
No Brasil - A empresa
opera no Brasil des-de 1972, com maior foco na produção
de bauxita, alumina e alumínio. Participa no Consórcio
Alumar tanto na Refinaria de Alumina, onde possui 35%, quanto
na Redução de alumínio, com 46%. Também
está presente na Valesul Alumínio S.A, produtor
de alumínio localizado no Rio de Janeiro, onde possui 46%
de participação em parceria com a Companhia Vale
do Rio Doce e na Mineração Rio do Norte - mina aberta
de bauxita no estado do Pará - com 15% das ações
em parceria com diversas empresas como Alcan, Alcoa, CBA e CVRD.
Mais recentemente, a empresa adquiriu participação
de 2,1% na Companhia Vale do Rio Doce.
Gerente Comercial em São Luís:
Daniel Mariano Vinent